No dia 22 de janeiro de 2012, deu-se início à operação de reintegração de posse na comunidade do Pinheirinho em São José dos Campos. Após uma confusão na esfera jurídica sobre a autorização para que essa ação fosse realizada, a tensão se instalou na região com a invasão da PM.
Bombas de “efeito moral”, balas de borracha, armas de fogo e violência gratuita fizeram parte da ação de desocupação (tudo isso, enquanto Naji Nahas fumava seu charuto). Lamentavelmente, não é nenhuma novidade que uma ação que envolva a polícia e o cidadão humilde termine em violência, com o maior prejuízo para o último.
A questão é que nessa ação vimos o quão a justiça, o governo, a polícia e a mídia são corrompidos.
Sobre a justiça não há necessidade de explicar, pois é fácil de ver que não está sendo levada a sério; sobre o governo, é bom lembrar que quem manda na política, hoje, é o dinheiro e o jogo de interesses; sobre a polícia militar posso dizer que a corrupção está nas entranhas da organização, tanto na parte de cima quanto na parte de baixo da hierarquia, embora existam policiais que ainda acreditam e realizam seu trabalho com dignidade; sobre a mídia, ah a mídia, lugar de ideologias que se perdem e são achadas de acordo com o interesse de quem manda e que quase nunca tem o real interesse de informar a população sem ser tendenciosa.
— Viajando, mais ou menos, 1700 km —
Chegamos à Bahia, terra de todos os santos e de todos os policiais em greve.
Uma crise de violência se instalou no estado depois que a PM entrou em greve reivindicando aumento salarial e benefícios.
Um estado onde o índice de criminalidade é alto, com policias na rua, ficará em qual situação, caso esses não estejam realizando mais seu ofício?
Na lama.
A greve pode ser explicada em duas expressões, as quais possuem significados que estão intrinsecamente ligados, sendo que uma acaba influenciando a outra: “falha do sistema” e “falha do ser humano”. A primeira, pelo fato de tudo se resumir em ganhar ($) mais ou menos, para se fazer melhor ou pior, mostra a falha estrutural da nossa sociedade . A segunda, tem grande influência da primeira, embora isso não seja uma regra, e reflete a imagem individual dos corruptores da sociedade.
E é aí que o título desse texto começa a fazer sentido, pois a ação no Pinheirinho também pode ser facilmente relacionada a essas duas expressões
O dinheiro, foi o propulsor principal tanto na reintegração de posse e quanto na greve da PM; falha do sistema. A violência se mostrou presente nos dois acontecimentos; falha do ser humano. O governo não age para que os problemas sejam resolvidos da melhor forma e em prol da sociedade; falha do sistema. A ideologia toma conta da mente das pessoas e as separa; falha do ser humano. A mídia atual; falha do sistema. Governo e justiça amarrados as rédeas do interesse; falha do sistema e do ser humano. Enfim, são muitas as falhas que podemos enumerar.
A real intenção não foi tentar analisar os casos profundamente, mas sim mostrar que existem muitas faltas em comum envolvidas nos dois acontecimentos e que além daqueles que corrompem, também existem pessoas dignas e boas envolvidas (e a sociedade no geral), que acabam pagando pelo verdadeiro problema estrutural do nosso sistema e pela tirania do dinheiro.
Comentem
Luiz G. S. Neto
Observação as duas falhas citadas: Lembrar que elas estão no pilar da sociedade moderna, aquela da liberdade ILIMITADA dos direitos individuais.
ResponderExcluirVai ruir.
Guilherme C. Olivetti
Grande Calil, fazia tempo que não passava aqui.
ResponderExcluirLi o título e me interessei pelo post.
Na minha opinião, tudo sobre o Pinheirinho foi feito de uma maneira equivocada. Jurisprudência há nos dois sentidos, em casos análogos ao do Pinheirinho: tanto autorizando a reintegração de posse, como a proibindo e mantendo as pessoas no local. Ou seja, por mais que nós saibamos quem está por trás desse jogo todo, dessa manobra, das amizades ocultas entre os poderosos, a decisão judicial tem seus embasamentos jurídicos e legais.
Quem deve ser responsabilizado, para mim, é o Poder Público. Explico o porquê penso assim:
1- Como é possível pavimentar, colocar dinheiro público em uma propriedade privada? Se pavimentou e investiu para melhorar as condições de vida das pessoas que ali moravam, como depois de quase 10 anos, despejá-las, deixando-as ao relento?
2- A ação judicial foi proposta em 2004. Oito anos de NEGLIGÊNCIA do P. Público. Por que não foram criadas habitações populares para essas pessoas? Está sendo cumprido o direito à uma vida digna?
Obs: juridicamente, teria mantido as pessoas no terreno. Por mais que haja embasamento jurídico para a decisão que a magistrada tomou, não consigo pensar no lado social da questão. Quando dois direitos fundamentais se contrapõem, no caso, à propriedade e à moradia, deve-se optar por aquele que tenha maior peso. O que vale mais: uma propriedade da massa falida de um mega empresário (cujo único credor restante é EXATAMENTE o município) ou o direito à moradia de milhares de pessoas que viviam no local?
Diego - Cardeal